Porque crianças até 2 anos não devem comer açúcar


Neste artigo vou te explicar, de forma detalhada, porque crianças até 2 anos não devem comer açúcar. Além disso, vou compartilhar algumas dicas importantes para cuidar ainda mais da saúde do seu bebê.

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Porque crianças até 2 anos não devem comer açúcar
Confira porque crianças até 2 anos não devem comer açúcar.

Açúcar na 1ª infância

O desenvolvimento infantil é um processo muito sofisticado e os dois primeiros anos são, certamente, muito importantes. Isso porque eles representam um período intenso de desenvolvimento de todo o sistema nervoso e cognitivo da criança.

Nesse período, a criança está moldando uma série de aspectos do seu desenvolvimento, e o paladar está incluso nisso. Na verdade, este começa a ser construído desde o útero, passando pela amamentação e introdução da alimentação complementar.

Diversos estudos mostram que, por uma questão evolutiva, a criança tem uma preferência inata pelo sabor adocicado. Dessa forma se for apresentada a preparações adoçadas antes dos 2 anos poderá ter dificuldade em aceitar verduras, legumes e outros alimentos que despertam outros sabores e sensações, como o amargo, o azedo ou até mesmo o doce natural dos alimentos in natura.

Por esse motivo, existe a preocupação em proteger a criança durante este período de construção do seu paladar.

O açúcar pode acarretar doenças até a idade adulta

Além desta questão de desenvolvimento, o consumo de açúcar está comprovadamente relacionado ao surgimento de diversas doenças na vida adulta, tais como a obesidade e o diabetes.

E a péssima notícia, é que estas doenças, estão sendo diagnosticadas em pediatria cada vez mais cedo. Isso sem falar nas placas bacterianas entre os dentes e cárie, cada vez mais frequentes nos consultórios dentários.

Também já é conhecido o efeito que o açúcar exerce no cérebro. O ingrediente estimula a produção de neurotransmissores quem induzem respostas na região do cérebro conhecida como “centro de recompensa”. Isso faz com que a pessoa sinta vontade de consumir o açúcar cada vez mais e com mais frequência.

Nas crianças, esta relação com o açúcar pode ser ainda mais prejudicial. Além disso, pode se manifestar através de distúrbios de comportamento como hiperatividade, dificuldade de concentração e irritabilidade.

Um erro muito comum cometido pelos pais e cuidadores, que leva ao contato com açúcar antes de dois anos, se dá, principalmente, durante o período entre 1 e 2 anos de idade. Nessa fase, a velocidade de crescimento diminui e, consequentemente, a necessidade energética também, levando a redução do apetite. Dessa maneira, aquele bebê que comia de tudo, agora passa a selecionar os alimentos e com isso, as frutas costumam sofrer mais rejeições.

Quando isso acontece, os pais tendem a adicionar açúcar, mel e outros adoçantes para tornar o alimento mais atrativo (afinal melhor um morango com açúcar do que não comer morango, certo?).

Some a isso ao aumento da interação das crianças na creche, em festas e passeios, onde é comum o contato com guloseimas como doces, balas, pirulitos e chocolates. Pronto, a armadilha está prontinha!

Evite alimentos ultraprocessados antes dos 2 anos

Tanto o açúcar quando a gordura e o sal são ingredientes comumente presentes nos ultraprocessados, sendo, junto com outros aditivos cosméticos, itens responsáveis por torná-los alimentos com sabor mais palatável, intenso e viciante.

O resultado disso é uma reação do sistema neurológico, que aciona o mecanismo de recompensa ligado ao prazer. No caso das crianças, esse estímulo é ainda mais danoso, uma vez que todo este sistema está em formação.

Também deve-se ficar atento aos alimentos ultraprocessados que alegam não ter açúcar, mas contêm adoçantes em sua composição. Eles são apresentados nos rótulos com diversos nomes, como por exemplo:

  • Edulcorantes;
  • Aspartame;
  • Ciclamato de sódio;
  • Acesulfame de potássio;
  • Sacarina sódica;
  • Estévia;
  • Manitol;
  • Sorbitol;
  • Xilitol;
  • Sucralose.

Como os efeitos dos adoçantes na saúde das crianças não são plenamente conhecidos, essas substâncias não devem ser oferecidas a elas, a não ser por indicação do pediatra ou nutricionista.

Da mesma maneira, é essencial ter atenção também aos produtos vendidos como “alimento infantil” que utilizam leite como ingrediente principal, mas são adicionados de açúcar e aditivos. Leites aromatizados, achocolatado de caixinha, bebidas lácteas adoçadas, iogurtes adoçados, com sabor e coloridos artificialmente, iogurtes com mel e tipo petit suisse, são bastante comuns na alimentação infantil, mas não devem ser oferecidos às crianças.

Porque crianças até 2 anos não devem comer açúcar

E o mel? É natural, posso oferecer?

Apesar de o mel ser um produto natural, não é recomendado oferecer esse alimento à criança menor de dois anos por 2 principais motivos: o mel contém os mesmos componentes do açúcar, o que já justifica evitá-lo.

Além disso, há risco de contaminação por uma bactéria associada ao botulismo. A criança menor de 1 ano é menos resistente a essa bactéria, podendo desenvolver essa grave doença, que causa sintomas gastrintestinais e neurológicos.

Então, nos 2 primeiros anos de vida, os alimentos não devem ser adoçados com nenhum tipo de açúcar: branco, mascavo, cristal, demerara, açúcar de coco, xarope de milho, mel, melado, rapadura, entre outros.

Como evitar que meu bebê consuma açúcar antes de dois anos?

É importante entender que a criança não precisa comer açúcar. Achar que o bebê está sofrendo ou passando vontade porque olha uma pessoa comer um doce é um erro baseado nas nossas experiências enquanto adultos.

Projetamos na criança um hábito e uma vontade nossa. Aliás, uma boa dica ao oferecer algo sem açúcar para uma criança é não provar antes, pois assim não temos a tendência de achar o gosto ruim e deixar de oferecer ou induzir uma resposta negativa da parte dela.

A melhor maneira de driblar o consumo desse ingrediente é preparando as refeições em casa. Primeiro porque, ao cozinhar os próprios alimentos, você tem o controle daquilo que é preparado e consumido. Segundo, porque essa é uma possibilidade de envolver a criança nas preparações culinárias, apresentar diferentes cores, texturas, aromas e sabores, permitindo o despertar para uma alimentação adequada, saudável e saborosa.

Dentro desse universo da comida de verdade, devemos usar e abusar das frutas nas preparações. Além de cruas, as frutas também podem ser consumidas cozidas ou assadas, em forma de purês ou compotas sem açúcar. Prefira sempre as frutas da estação e mais maduras para essas preparações, que também são formas úteis de conservar e aproveitar esses alimentos, evitando desperdício.

Outra dica é usar suco de laranja, banana madura e purê de maçã para variar algumas receitas, esses ingredientes deixam a preparação um pouco mais adocicada sem a necessidade de adicionar açúcar.

E depois dos 2 anos, posso oferecer açúcar?

Uma vez formado o hábito, a oferta de pequenas quantidades de alimentos com açúcar não afetará a aceitação de outros alimentos ao longo da vida.

Entretanto, o recomendado é manter os hábitos alimentares adquiridos na rotina da criança. Se ela tomava chá sem açúcar, não tem motivo para passar a adoçá-lo.

É comum haver ansiedade e até pressão de familiares e amigos para que as guloseimas façam parte da alimentação cotidiana da criança e, de fato, elas aparecerão eventualmente, mas o cuidado deve ser mantido.

Quando a hora do doce chegar, o ideal é que as crianças associem o consumo a situações esporádicas como festas e aniversários e não a momentos que façam parte da rotina como sobremesas ou lanches escolares. Por isso, a recomendação é: não ter doces em casa, e isso passa também pelo exemplo, não adianta os pais oferecerem um melão para a criança enquanto saboreiam uma barra de chocolate.

O cuidado com a alimentação infantil é uma tarefa coletiva e compartilhada com os familiares, escola e outros espaços de convívio da criança. Nessa empreitada, a participação da família é essencial, a educação sobre hábitos alimentares deve abranger todos da casa.

As crianças devem ter direito a uma alimentação variada em estímulos sensoriais de cores, sabores e texturas e, não ofertar açúcar e produtos que contenham esse ingrediente nos 2 primeiros anos de vida, contribui para a formação destes hábitos alimentares saudáveis, além de favorecer seu crescimento e desenvolvimento adequados.

Quer mais dicas sobre alimentação infantil?

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By Cinthia Assemany

Nutricionista especializada em nutrição materno infantil. Acredita que a formação de hábitos alimentares saudáveis deve começar cedo, de forma leve, lúdica e descomplicada.

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